Ache seu Imóvel

Compare Listings

Juréia, Pogoçá e Peroibe - Lendas de Peruíbe

  • Wednesday, 01/Jun/2022
  • Blog
  • 0

De acordo com a lenda, havia na tribo dos Tupiniquins um cacique de bravura e coragem inigualável. Seu nome era Peroibe. Sua valentia era conhecida e a sua terra era respeitada por todas as tribos ao redor.
Um dia, quando Peroibe caçava com seus guerreiros, ao perseguirem um suaçu (veado) chegaram numa fonte de águas cristalinas, como estavam cansados, em decorrência do esforço da caça, beberam a água do local e, de repente, o cansaço sumiu e o vigor se estabeleceu novamente nos corpos dos guerreiros. “Icaraí! Icaraí!” Gritaram todos (significa água santa) e retornaram para a aldeia, contando para a tribo a descoberta milagrosa.

Foram as mulheres as que mais se serviram das águas da fonte, que as mantinham jovens e belas, tornando-as desejadas pelos guerreiros de todas as tribos. Elas já eram famosas pela pele macia e sedosa, em consequência do uso da Tabauna (lama negra) que espalhavam no corpo. Mas a descoberta da Icaraí fez com que as moças de outras tribos sonhassem com o uso da lama e da água milagrosa.
Jureia, filha única do cacique Pogoçá, da tribo dos Carijós da Retama (região de Iguape), soube da descoberta e, ao pegar o caminho da Ibicuí (praia de areia fina), chegou na retama dos Tupiniquins, alcançou a fonte e mergulhou nas águas cristalinas.
O cansaço sumiu e o corpo de Jureia vibrou ao sentir uma corrente de energia nunca experimentada até então, que fluiu em todas as suas células. Com os lábios semiabertos, as pálpebras semicerradas e as pupilas dilatadas, experimentou um desejo novo, misterioso e confuso.

Peroibe, que estava descansando na Pindi (clareira) a poucos metros da fonte, ouviu o barulho das águas e, abandonando seus sonhos e divagações, virou-se lentamente para a fonte. Viu o rosto e o corpo de Jureia emergir das águas e, como que enfeitiçado, ficou extasiado, imóvel e atônito.

Tentou gritar, em vão. Somente pôde escapar da sua boca um sussurro de uma só palavra: Catiapoan! Jureia, sentiu algo quente que a tocava vindo da mata. Olhou e viu a figura imóvel e extasiada de Peroibe. Um grande Guerreiro! Pensou imediatamente e, rápida como um Ati (ave), saiu da água e desapareceu pela ape (trilha) nas matas. Correu morro abaixo, atravessou tabauna até a ibicuí e pegou o caminho para a retama dos Carijós.

Peroibe imóvel, estava confuso sem saber se a imagem que vira era real ou fantasia, mas seu coração batia rápido e impaciente. Ligeiro, ficou em pé. Seu instinto de caçador veio à tona e entrou na mata à procura de Jureia.
Pogoçá sentiu a falta da filha que há dias não dava sinal de vida. Quando ela apareceu quis saber onde teria ido. Sabendo da verdade, enfureceu-se e, com a ajuda dos Guerreiros e Txondaros, enclausurou Jureia na caverna da Itabirapuã (pedra em pé redonda), no topo do Ibitira (morro), para que ela pudesse ser vigiada por todos os lados da tribo.
A porta de pedra fechou-se para sempre, por medo de que o Guerreiro que a filha havia visto, tentasse roubá-la. Peroibe em vão vasculhou todas as matas. Cansado e esgotado, entrou em tristeza profunda, negando-se a comer e a beber a água da fonte que os pajés lhe traziam. Nos seus sonhos perturbados via Jureia, mas ela era inatingível!

Os pajés reuniram-se em conselho, resolvendo evocar Guaraci (sol) para pedir ajuda. Guaraci, atendendo ao pedido, transformou Peroibe em uma rocha, para que Ara (tempo) não o transformasse, até que sua amada voltasse novamente. “Somente o calor dela poderá despertálo novamente”.

Jureia, enclausurada, chorava e evocava Japoracira (lua), sua protetora, para que a ajudasse a reencontrar seu amado Guerreiro. Japoracira se entristeceu e, cheia de compaixão, transformou-a em uma bola de fogo.  Em algumas noites Jureia sai de sua prisão, percorrendo os sambaquis em busca do seu amado. No dia em que o encontrar petrificado, o despertará do sono eterno com seu calor, então a porta do Pogoçá se abrirá, libertando-a para os dois se unirem. Nesse dia renascerá a raça perdida dos bravos Tupiniquins.

(Fonte: Maya Ekman e Hermes de Armarna, 1997).

 


Atendimento Sol Maior
Chame-nos no WhatsApp